quarta-feira, 25 de junho de 2014

ZUMBI JOGA FUTEBOL? TAINAN ROCHA EXPLICA!

Nosso coordenador de cursos, TAINAN ROCHA, lançou um material muito bacana e que tem chamado muita atenção da mídia geral... Revista Placar, Correio Braziliense, ESPN, UOL e Universo HQ, Rádio Mix, são alguns dos meios onde esse trabalho foi comentado! Junto com o roteirista FELIPE CASTILHO, Tainan já deu palestra em evento no Rio de Janeiro e está com a agenda cheia nesse segundo semestre!

O gibizão IMAGINE ZUMBIS NA COPA, é claro, é um produto e não tem vergonha nenhuma disso... Zumbis estão na moda? Sim, estão.. A Copa do Mundo chama atenção? Claro que chama! O gibi IMAGINE ZUMBIS NA COPA se aproveita disso? Claro que se aproveita! Isso é ruim? Claro que não! O gibi é bom? Sim meu senhor e minha senhora.. é BEM bom! E ser bom sempre interessa! O Tainan é um cara que mostra um trabalho gráfico maduro, estruturado. O resultado gráfico que ele alcançou deixou todo mundo aqui muito orgulhoso! Ainda mais porque o Tainan chegou aqui na Quanta pra fazer curso com 12 anos de idade e nunca mais saiu!

Abaixo, você pode ler a primeira parte da entrevista que ele fez com a gente!  

- VOCÊ CURTE FILMES DE ZUMBIS? TEM ALGUM EM ESPECIAL?

Curto muito o gênero e graças às “sessões da tarde” de filmes de terror que meu pai promovia aos sábados, quando eu era pivete! Dos mais modernos acho Zombieland e Shaun of the Dead sensacionais! Além da qualidade técnica, a abordagem mais humorística que dá um resultado incrível!  

- OS FILMES DE ZUMBIS TEM UM TIPO DE ESTÉTICA NARRATIVA BEM ESPECÍFICA. PLANOS, ENQUADRAMENTOS, RITMO... ESSES FILMES INFLUENCIARAM NO TIPO DE NARRATIVA QUE VOCÊ USOU NA HQ? VOCÊ TENTOU REPRODUZIR ISSO?

Para ser bem sincero, antes de dar início ao processo de produção da HQ, evitei contato com todo o tipo de “material zumbi” para não sofrer muita influência direta e tentar colocar no papel a minha própria concepção de zumbis e o que tinha guardado ali, empoeirado, no fundo da memória. É claro, que não tinha a ingenuidade de ser original, mas acho que valeu a pena!
E tecnicamente falando, tentei ao máximo aplicar tudo o que consegui aprender sobre narrativa em todos esses anos estudando HQ na Quanta. Fiz um ano de desenho e mais três de HQ ... Em algum momento tinha que colocar isso em prática né!

- VOCÊ TEM UMA EXPERIÊNCIA LEGAL COM ILUSTRAÇÃO E TAMBÉM COM HQS CURTAS, MAS ESSA É SUA PRIMEIRA EXPERIÊNCIA COM NARRATIVAS LONGAS, SENTIU MUITA DIFERENÇA NA HORA DE CRIAR A NARRATIVA DE UMA HISTORIA EXTENSA COMO ESSA?

Sem dúvida! Como já disse em outras ocasiões, gasto muito mais tempo fritando os miolos nessa primeira etapa de destrinchar o roteiro em quadros do que propriamente os desenhando, seja a narrativa curta ou longa. Particularmente, essa talvez seja a parte do processo todo que mais me agrada. 

Mas no caso dessa história que é mais densa, exigiu bastante uma organização, um processo de trabalho mais claro – justamente aquilo que eu descobri não possuir. 

Porém, a experiência com essa hq somada ao curso de narrativa visual “Desenho, Câmera e Ação” do Greg Tocchini que fiz recentemente na Quanta me proporcionaram criar um processo de trabalho o que acaba deixando as coisas bem menos complicadas. 


- SUA ARTE INSPIRA MUITO ESSA LEVADA “TERROR DE SUSTO” QUE TEM A VER COM OS FILMES E QUADRINHOS DE ZUMBIS... É UM TRAÇO QUE SURPREENDE, É MEIO INESPERADO ALGUMAS SOLUÇÕES GRÁFICAS QUE VOCÊ DÁ EM ALGUNS QUADROS, E POR ALGUM MOTIVO ISSO ME LEMBRA ESSA LEVADA DE SURPRESA E SUSTO QUE AS HISTÓRIAS DE ZUMBIS TÊM. SEU TRAÇO TEM UMA CARACTERÍSTICA “SUJA”, BASTANTE EXPRESSIVA, COM PINCÉIS SECOS E TEXTURAS. VOCÊ ACHA QUE ESSA PERSONALIDADE GRÁFICA QUE VOCÊ JÁ TEM AJUDOU NA ESTÉTICA VISUAL DESSA HQ? VOCÊ SE PREOCUPOU COM ISSO?

Ah sim, os pincéis secos e surrados são os melhores e piores amigos que eu tenho, simultaneamente! Digo isso, pois, por mais que eu tenha me apropriado de toda a sujeira e textura que o pincel proporciona, ainda acho uma técnica perigosa! 

No caso de uma HQ, o desenhista tem muitas preocupações, bem como, linhas de leitura, contraste, massas de preto e principalmente, o fácil entendimento e comunicação visual! 
Porque por mais que essa história especificamente pedisse essa sujeira e cenas com clima mais pesados, ainda assim, as cenas, as figuras e as silhuetas tem que funcionar. O leitor tem que entender bem aquela sujeira toda. Se sentir assustado e encantado ao mesmo tempo!

- A MISTURA ZUMBIS/FUTEBOL TE DEU ALGUMA IDEIA DE TENTAR UMA NARRATIVA DIFERENTE NESSE TRABALHO? PENSOU NAS TRANSMISSÕES DE FUTEBOL... OU NA SUA EXPERIÊNCIA DE JOGAR FUTEBOL NA HORA EM QUE ESTAVA CRIANDO AS CENAS E O RITMO DA HISTÓRIA?


Sim, sim! Eu sempre gostei muito, tanto de assistir quanto de jogar futebol! 

Infelizmente nunca passei nas peneiras, mas eu venho da rua, onde sempre foi praticado um futebol mais pesado, pé descalço no asfalto quente, trave com chinelo havaiana mesmo, manja? 

Lembrar disso, desse ritmo de jogo mais rápido, com certeza ajudou a todo instante, fazer essa relação direta entre cenas mais violentas no campo, divididas de bolas, cotoveladas e zumbis que são violentos por natureza! rsrs 

- COMO FOI SUA PARTICIPAÇÃO NO PROCESSO CRIATIVO? VOCÊ RECEBEU O ROTEIRO JÁ FECHADO OU COLABOROU TAMBÉM NA ESTRUTURA DA HISTÓRIA?

Desde a primeira versão do roteiro, veio tudo aberto e eu recebi de braços abertos também pois acho que a conversa entre o roteirista e o desenhista fica mais leve e flui melhor quando o roteiro é mais solto. 

- VOCÊ PENSOU EM CENAS ESPECÍFICAS QUE QUERIA DESENHAR, PENSANDO NO QUE VOCÊ GOSTA VISUALMENTE NAS HISTORIAS DE ZUMBIS, E INCLUIU NO ESQUELETO DA HISTÓRIA, OU NEM PENSOU NISSO... PRIVILEGIOU A HISTÓRIA MESMO?
Mesmo com o prazo apertado, eu tentei ler com bastante calma e entrar em sintonia fina com a história. No fim das contas acabei colaborando mais graficamente mesmo! O Felipe é um cara muito experiente e foi generoso desde a primeira conversa que tivemos a respeito da ideia, deixando o campo livre. Nessa aí acabamos descobrindo muitas referências em comum. E confesso que fiquei muito ansioso e senti um prazer mórbido em desenhar cabeças de zumbis sendo arrancadas com boladas "a la Roberto Carlos"! rsrs



- O ÁLBUM CONSEGUIU UMA EXPOSIÇÃO BEM GRANDE NA MÍDIA. VOCÊ ESPERAVA POR ISSO? PORQUE VOCÊ ACHA QUE ROLOU?

Desde o início, fizemos tudo com uma certa confiança na força do tema e um fio de esperança também. Estávamos preocupados em terminar a tempo de lançar e pegar rabeira aproveitando todo o barulho da Copa. Inclusive, acredito que esse tenha sido um dos principais combustíveis para a história sair em apenas três meses!  

O Felipe já está mais acostumado por conta de seus livros (a série que mistura folclore e ficção Ouro, Fogo e Megabytes).

Mas mesmo assim, a repercussão tem sido surpreendente! Estamos muito, muito contentes! Valeu cada madrugada em claro na prancheta. 


- HOJE VOCÊ ESTÁ PUBLICANDO, TODO BONITÃO APARECENDO NA MÍDIA... E MUITOS QUE QUEREM TRABALHAR COM QUADRINHOS OLHAM E PENSAM QUE TALVEZ SEJA FÁCIL CHEGAR ONDE VOCÊ ESTÁ. FALA UM POUCO SOBRE A ESTRADA... AS MADRUGADAS NA PRANCHETAS, OS DOMINGOS, AS FRUSTRAÇÕES.. É FACINHO SER QUADRINISTA, NÉ?

Olha, a ficha continua caindo e na real, hoje cheguei num dos primeiros degraus, ainda faltam muitos e muitos e espero continuar a subida com o mesmo gás!

Mas ser quadrinista, ilustrador, assim como ser músico etc, não é nem um pouco fácil mesmo! Eu, assim como muitos e muitos outros colegas de prancheta e palco, temos empregos fixos que ajudam a sustentar a nossa arte, ou seja: dividir o tempo e as horas de sono com outras responsabilidades por si só já é um fator que torna as coisas um pouco mais complicadas né... 

Porém, ao mesmo tempo, penso que é bom que seja assim, a gente aprende a dar mais valor viu... Pego como exemplo tudo o que tem rolado por conta dos zumbis.
(vale sempre lembrar o quanto esse tema colabora para a exposição na mídia, mas só isso não seria o suficiente).


Em cada página ali tem muitas gotas de suor e dedicação, ausência em churrascos de domingo, madrugadas em claro, apoio dos amigos, mulheres e familiares de cada um de nós. E agora, depois do gibi publicado, vendido e compartilhado por aí, dá um baita orgulho de dizer que valeu cada rabisco e cada pincelada suja!


















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